Pai grávido, um olhar sobre a construção da paternidade
É a mulher que engravida. É nela que se gera um novo ser. É dela que sai uma nova vida.
Para uma mulher, estar grávida é o culminar de um sem fim de sonhos e um olhar sobre um futuro que sorri.
Tendemos, por isso, a olhar a gravidez como algo feminino. Algo que começa e acaba na mamã e que nela ganha raízes sociais profundas.
É verdade! Num casal, é o feminino que prevalece quando a temática se prende com a gravidez.
Mas existe o outro lado.
O lado do papá que anseia e sofre e deseja, tantas vezes na mesma medida que a sua companheira.
O papel do homem na gestação vai muito além da conceção do seu filho.
Principalmente na atualidade, uma era em que, cada vez mais, o homem assume um papel ativo na vida doméstica e familiar, a presença do papá nos nove meses de gestação e nos anos que se seguem é, não apenas importante, mas incontornável.
A construção paternal não é algo que aconteça sempre da mesma forma ou que se reflita de forma igual em todos os homens.
Alguns, chegam a sentir sintomas físicos, que os aproximam das sensações femininas durante este período.
Outros, acompanham a companheira, vivendo a experiência através de um acompanhamento contínuo dos seus humores, necessidades e consultas.
Neste artigo falaremos um pouco sobre este papá moderno, que sente, sofre e acompanha cada passo da gestação.
1. Pai gravido, sensações e sintomas
Não é apenas uma forma de dizer. Ocasionalmente, há homens que se sentem grávidos. Como se gerassem, eles mesmos, o filho que a mulher carrega.
Trata-se de uma realidade onde acontecem os enjoos, as emoções, as mudanças de humor, os desejos alimentares e até as dores na região lombar.
Cientificamente conhecido como a Síndrome de Couvade, esta provoca, nos futuros papás, sintomas que se aproximam muito dos que uma mulher grávida sente.
Desde a sua descoberta, esta síndrome atravessou muitas etapas.
Inicialmente, acreditava-se que se tratava de uma questão meramente psicológica provocada pela ligação afetiva e emocional do homem à sua esposa.
Estudos mais recentes, no entanto, referem que esta sintomática “pai grávido” provém, igualmente, de fatores biológicos, sendo que alguns homens notam um aumento nos níveis hormonais de prolatina e estradiol, bem como uma redução nos níveis de testosterona e cortisol.
Embora a origem destas alterações seja, por agora, desconhecida, a verdade é que, em casos pontuais a gestação passa as barreiras socialmente compostas e se diz, também, no masculino.
2. Pai gravido, marcando presença
Nem todos os homens se sentem grávidos. Isto não significa que estejam menos envolvidos na paternidade.
Hoje em dia, o homem torna-se papá muito antes do nascimento e envolve-se em todo o processo da gestação. Esta forma de paternidade começa desde cedo, com uma participação mais ativa ao longo dos 9 meses, ao longo dos quais o homem será uma presença contínua.
O papá irá acompanhar a mulher, acompanhá-la nas consultas, participar nas aulas de preparação para o parto, ajudar a montar o quartinho, escolher as pecinhas de roupa, ver cada ecografia e agarrar a mão da companheira durante o parto.
Provavelmente, o pai será o primeiro a ter o filho nos braços.
Mesmo não sentindo as dores ou os enjoos, este pai irá viver a tensão e a ansiedade e regozijar com o primeiro vislumbre do seu rebento.
Nos primeiros momentos, estabelecerá com a sua cria um vínculo para toda a vida.
É algo que transpõe os limites físicos. O papá irá sentir, tanto como a mamã, que aquele bebé é parte de si.
3. Para toda a vida
A construção paternal que se impulsiona durante a gravidez terá os seus frutos num lugar chamado “sempre”.
É um trabalho que não termina.
Também depois do parto, ao longo da vida dos seus filhos, estes papás grávidos irão ser presença fulcral e constante.
Terão um papel na vida dos filhos que irá além das tarefas. Serão os amigos, os companheiros, os educadores.
A par com a mãe, serão os alicerces que assegurarão o futuro e o bem-estar da criança, acompanhando-a cada passo.
Mesmo depois de a criança já ser adulta. Trata-se de uma construção diária e eterna.
Esta experiência paternal vem trazer um novo olhar sobre o que significa gerar um ser.
Cada vez mais estes papás largam a dimensão que os liga apenas ao trabalho e ao futebol, aproximando-se das ligações afetivas mais profundas e familiares.
Viveu a sua gestação ao lado do seu companheiro? Como viveu esta experiência? Foi fácil lidar com um pai grávido?
Não deixe de nos contar como foi a evolução dele desde a descoberta até ao parto e como viveram a experiência dele como adepto do clube da chupeta e das fraldas.