Mãe galinha e pai galinha, o instinto de proteção ao mais alto nível
É uma expressão que frequentemente se ouve: “és uma mãe galinha”.
Há quem o admita e quem o negue. Há quem tente não o ser.
No fundo, esta expressão designa apenas o que é instintivo em qualquer mamã ou papá:
eles querem proteger o seu pequeno tesouro do mundo lá fora e impedir que a criança passe pelas provações e sofrimentos que eles tão bem sabem existir.
Ser um pai galinha significa, pois, querer proteger a criança. Trata-se de uma tendência natural para a superproteção, para manter a criança “debaixo da asa”.
Muitos pais diriam que se trata apenas da forma de os amar, de os cuidar, de os preparar para a vida.
Outros, defendem que a proteção excessiva pode causar problemas diversos e atrasar, até, a natural evolução da criança.
Neste artigo procuraremos explorar esta questão, para que saiba todas as vantagens e desvantagens deste instinto protetor, que os torna pais galinha.
Pequenos anseios, grandes defesas
Olhando para o seu filho verá, certamente, muitos reflexos da perfeição inocente da vida. E pensará, como é natural, que ele não está preparado para a crueza do mundo lá fora.
Trata-se da noção perfeita de que o mundo é grande e duro, enquanto o seu filhote permanece ali, pequeno e inocente, incapaz de se defender das atrocidades que o rodeiam.
O instinto é claro: proteger a criança. E não há nada de errado com este desejo, tão materno e doce, de querer manter o seu filho no espaço seguro do seu abraço.
Esta proteção toma muitas formas: pode passar pelo amparar dos primeiros passos para prevenir as quedas;
por mantê-lo ao colo para evitar que ele vá contra o móvel e bata com a cabeça; por se manter nas proximidades sempre que o leva ao parque infantil ou por evitar que ele embarque na tenebrosa aventura da visita de estudo ao jardim zoológico durante o infantário ou que se junte à equipa de futebol do bairro.
Especialistas da área reconhecem com naturalidade a tendência para cada mãe e pai galinha proteger o seu pequeno. Mas alertam: em demasia, esta proteção pode ser mais perigosa do que se possa pensar.
O lado negro da proteção excessiva
Uma criança sobreprotegida, por norma, cresce com mais medos e anseios.
Cresce mais inibida e menos preparada para enfrentar a vida. Cresce mais dependente e tem maior dificuldade no momento de solucionar os seus próprios problemas.
Enquanto mãe galinha, no momento em que julga estar a proteger o seu filho do mundo, poderá estar, na realidade, a impedi-lo de se preparar para a realidade da vida, negando-lhe as ferramentas essenciais para sobreviver no nosso mundo, alcançando o ideal de felicidade e realização pessoal.
Proteger os filhos é uma das obrigações dos seus pais mas, quando em demasia, poderá estar a negar-lhe a aprendizagem. À medida que o vê crescer, pode ter uma certeza: vai amparar-lhe muitas quedas, mas ele há-de cair.
Vai dar-lhe muitos conselhos, mas ele vai quebrar alguns. Às vezes o seu filho vai magoar-se. Vai ter feridas, cortes, deceções.
E prepará-lo para esta realidade poderá passar por deixá-lo brincar sozinho, por permitir que ele ajude em determinadas tarefas, por deixá-lo jogar livremente a modalidade de que mais gosta ou por deixá-lo barrar o chocolate no pão.
Provavelmente, ao fazê-lo, vai aperceber-se de que ele brinca em segurança, que se voluntaria para fazer mais e melhor, que cria um espírito de equipa e de compromisso. E, quase apostamos, ele não se irá cortar na faca de manteiga…
Lembre-se que cada tarefa bem realizada é um incentivo e que cada erro é uma aprendizagem. Pode ser difícil alargar o círculo para lhe dar espaço mas é verdadeiramente importante que o faça.
As mães e os pais galinha precisam de recordar: estão a criar os filhos para o mundo. E eles acabarão por ter de se aventurar nessa imensa floresta de emoções, onde as provações e as dificuldades serão comuns.
Permitir que os seus filhos realizem tarefas e que se magoem ao fazê-las, por vezes, é uma forma de os preparar para a vida e de os proteger do mundo.
Trata-se, pois, de lhes dar as ferramentas necessárias para aprenderem a sobreviver. Para que eles possam viver uma vida plena. E, quem sabe, virem a ser, também, mães e pais galinha.
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