A saúde mental das crianças é um aspeto de suma importância mas que, muitas vezes, acaba por ser negligenciado por falta de informação. Sabe como a postura dos pais pode prejudicar a saúde mental das crianças? Conhece as atitudes parentais que podem promover problemas do foro mental?
Então, está na hora de descobrir com o Bebé a Bordo.
A teoria não é nova e já vem das noções freudianas: a construção da criança e o seu desenvolvimento pessoal parte dos ensinamentos e experiências da sua primeira infância.
Embora seja verdade que, desde Freud, houve grandes evoluções na área da psicologia, esta é uma noção que tendeu sempre a manter-se, sendo que os estudos atuais continuam a apontar para o facto de que as experiências da infância modelam a personalidade, a saúde e a vivência de uma pessoa ao longo de toda a sua vida.
Sendo que os pais – e outros cuidadores – têm um importante papel na vida da criança, é natural que estes se apresentem como elementos centrais no que toca ao seu desenvolvimento.
Na verdade, a influência e impacto dos cuidadores primários é tão importante que os efeitos das suas atitudes podem, como suportam diversas teorias da psicologia, causar efeitos a longo prazo na criança, manifestando-se durante toda a vida.
Quando positivos, estes efeitos podem traduzir-se numa gestão equilibrada da vida e das emoções, na conquista de oportunidades ou no sucesso escolar e profissional.
Por outro lado, quando se trata de um efeito disruptivo, é possível que o desenvolvimento físico e cognitivo saudável seja posto em causa, prejudicando a saúde mental da criança.
Situações como pais que falam mal um do outro aos seus filhos em caso de separação ou divórcio, crianças que vivem em situações de carência ou vítimas de maus tratos são exemplos de situações que podem danificar seriamente a saúde mental das crianças.
Hoje, olharemos para esta questão para lhe apresentar 9 casos concretos em que a postura dos pais pode ter efeitos prejudiciais na saúde mental das crianças.

1. Saúde mental das crianças: Depressão e ansiedade
Uma das posturas parentais que pode causar dano à saúde mental da criança, promovendo um problema para toda a vida é a crítica frequente ou constante sobre as ações e movimentos realizados pela criança.
Este escrutínio, aliado à negatividade das palavras, é um forte responsável pela criação de cenários de ansiedade e de depressão nos mais pequenos; sendo estes traços que, possivelmente, se manifestarão ao longo de toda a vida.
2. Dificuldades em se tornar independente
Aliada à crítica encontramos outra postura frequente dos pais que pode prejudicar a saúde mental das crianças: a sobreproteção.
Pais demasiadamente protetores podem fazer com que a criança tenha dúvidas sobre as suas próprias capacidades e reaja de uma forma temerosa e sem independência perante as mais diversas situações.
A negação dos pais em deixar que as crianças experimentem situações diversas e emocionantes pode, assim prejudicar a sua saúde mental, promovendo medos e fobias e impedindo-a de se tornar independente.
3. Falta de confiança
Na sequência dos anteriores, encontramos um dos problemas mais comuns das pessoas e que pode ser, involuntariamente, motivado pela postura dos pais.
Ancorado na sobreproteção, o aviso constante sobre a ideia de que as outras pessoas não são de confiança, pode afetar a saúde mental das crianças de forma muito premente, prejudicando os seus relacionamentos interpessoais e impedindo a criação de laços.
O mesmo acontece nos casos de separação, quando as crianças são vítimas de alienação parental.
4. Dificuldades de relaxamento
A pressão para que a criança tenha atitudes de adulto pode, também, prejudicar a sua saúde mental. Em frases tão comuns como “não sejas bebé” ou “vê se cresces”, os pais promovem na criança a sensação de que deve manter-se permanentemente alerta, para agir de uma forma estipulada e correta a tempo inteiro.
Inconscientemente, a criança começará a sentir-se permanentemente ansiosa, com a ideia de que está sempre sob a análise alheia, o que impedirá que esta relaxe. Além disso, a ideia do escrutínio mina, também, eventuais formas de relacionamento interpessoal.
5. Criação de potenciais vícios
Muitos pais salientam o lado mais negativo da parentalidade quando falam com os seus filhos, levando as crianças a acreditar que são um fardo. Esta ideia prejudica a saúde mental das crianças, que acreditam não servir para nada e começam a orientar as suas ações para comportamentos autodestrutivos.
Em adolescentes e adultos, estas crianças tendem a criar vícios nocivos e/ou a tomar decisões perigosas, por não encontrarem valor na sua própria vida.
6. Saúde mental das crianças: Baixa autoestima
O complexo de inferioridade e a baixa autoestima são outros dos problemas de saúde mental das crianças que podem ser provenientes de atitudes parentais.
A ausência de elogios ou a crítica frequente, bem como comparações depreciativas com os irmãos e os pares podem fazer com que a criança sinta que é inferior aos outros e não confie em si mesma.
7. O fim do talento e da proatividade
Muitos pais pensam estar a proteger os filhos quando tentam direcionar as crianças para futuros mais promissores e as afastam dos sonhos que julgam irrealistas.
A falta de apoio quanto aos sonhos e talentos do filho, no entanto, pode levar a que a criança desista de todos os futuros possíveis, suprimindo os seus talentos e não mostrando espírito de iniciativa, por medo de eventuais rejeições.
8. Dificuldades emocionais
Pais que não demonstram o seu afeto ensinam a criança a fazer o mesmo.
A imitação dos pais e dos seus comportamentos influencia grandemente o desenvolvimento e, por isso, uma criança que não recebe afeto ou que é ensinada a “não reclamar” ou “não chorar” pode tornar-se mais fria, desenvolvendo dificuldades de expressão emocional ou suprimindo por completo as emoções.
Ao fechar-se, em adulto, esta pessoa passará a estar mais sujeita a situações tão nocivas como o isolamento e a depressão.
9. Saúde mental das crianças: Culpabilização
Se, pelos sacrifícios feitos em prol do filho, os pais tendem a expor as perdas associadas a ele (como aquilo de que abdicaram para o criar, por exemplo), estes estão a afetar a saúde mental das crianças através da criação de uma realidade de culpabilização, na qual a criança se habituará a sentir que é a culpada de tudo e que não merece o que tem.
Este sentimento pode ser gerador de situações muito nocivas no futuro, incluindo a tendência para vir a sofrer de variados tipos de abuso, de uma forma passiva.
Já tinha pensado nas formas como a postura dos pais pode prejudicar a saúde mental das crianças?
Conhece algum caso em que tal se tenha passado? Conte a sua história aos restantes leitores do Bebé a Bordo.
Algumas fontes: brightside theconversation jamaica-gleaner healthline
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