A mulher grávida pode comer caracóis?
Em alguns países do mundo esta problemática parecerá estranha… noutros, parecerá bastante pertinente.
O caracol é uma iguaria, servida como refeição (ou petisco) em vários países, principalmente na Europa e em África.
Em Portugal, a época do caracol começa em Maio e estende-se até Agosto.
Durante este período são muitas as pessoas que gostam de aproveitar para passar momentos entre amigos e familiares, desfrutando do tradicional pires (ou travessa) de caracóis com a sua imperial (cerveja de pressão), numa esplanada soalheira junto ao litoral.
É um hábito bem português e que causa estranheza a muitos estrangeiros, aliciando outros a experimentar.
Claro está, chega o verão e a mulher, que tinha este hábito veraneante, vê-se proibida de desfrutar da frescura da cerveja mas… e os caracóis? Será que a grávida pode comer caracóis?
Esta é uma pergunta comum e que muitas vezes tem resposta ambígua e dúbia. Em torno desta, surgem vozes diversas e justificações assentes em mitos e ideias que se perpetuam desde a ancestralidade.
Hoje, pensando nas futuras mamãs a quem apetece mesmo este petisco, decidimos ir à descoberta para ficarmos a saber se a grávida pode comer caracóis e quais os cuidados que precisa de ter no momento de consumir esta iguaria.
1. Grávida pode comer caracóis: as razões da dúvida
Diz o ditado popular que “tudo o que é bom faz mal, engorda ou é pecado”.
Não será apenas o ditado, mas também os medos mais razoáveis da gestação a fazer com que muitas mamãs se questionem sobre as desvantagens do consumo de caracóis durante os meses de gestação.
Entre os maiores medos da gestante, encontram-se as ligações entre este petisco e a toxoplasmose; as ideias perpetuadas ao longo dos anos e as descobertas de alguns estudos científicos mais recentes.
1.1. Caracóis e toxoplasmose
No que respeita à toxoplasmose, como vimos anteriormente, esta é apenas um risco para as futuras mamãs que não sejam, ainda, imunes ao toxoplasma.
O mito em torno da toxoplasmose não atinge apenas o caracol mas também o consumo de mel e a posse de gatos.
E, tal como o mel e a generalidade dos gatos, os caracóis poderão ser, também, inocentes deste crime.
Para que um caracol pudesse ser transmissor de toxoplasmose, seria necessário que tivesse consumido o toxoplasma e que a sua carne fosse ingerida crua.
Desta forma, o risco de uma futura mamã não imune à toxoplasmose contrair o vírus através do caracol não é diferente do que o risco de o contrair pela ingestão de qualquer outra carne mal cozinhada ou crua.
1.2. Os mitos
Além do mito de que o toxoplasma possa ser facilmente passado pelo consumo de caracol, existem outros que, em vários países do mundo, têm ganho expressão.
Na Nigéria, por exemplo, acredita-se que o consumo de caracóis durante a gravidez pode fazer com que a criança que vai nascer seja “lenta”, caraterística esta muito associada ao animal em questão.
Não existem quaisquer dados científicos que comprovem esta ideia.
1.3. As verdades
Outro dos medos – este mais justificado – no que respeita ao consumo de caracóis, diz respeito a eventuais químicos que possam ser passados pelo petisco, devido ao uso de pesticidas na agricultura.
Este medo tem razão de ser, uma vez que muitas pessoas não se preocupam com a proveniência dos caracóis ou os consomem em espaços (cafés, restaurantes, etc) que não divulgam esta informação.
A verdade é que os químicos provenientes dos produtos agrícolas e da própria poluição podem estar presentes na carne dos caracóis apanhados nos campos ou na cidade e ter efeitos nocivos na gestação.
2. Dos mitos aos cuidados
Mais importante do que focar os mitos e as problemáticas é pensar nas soluções, para que a gestante possa livremente experimentar os sabores do seu petisco veraneante.
A grávida pode comer caracóis, se tiver alguns cuidados. Primeiramente, durante a gestação, a futura mamã deverá comer esta iguaria apenas em locais de confiança, onde saiba que os caracóis são de viveiro e que estes são bem lavados e bem cozinhados.
Comer a iguaria num café que conhece bem ou prepará-la em casa poderão ser as melhores opções nesta fase da sua vida.
Em segundo lugar, é necessário que a carne do caracol esteja bem cozinhada já que, estando crua, existe uma probabilidade (ainda que ínfima) de que uma gestante não imune ao toxoplasma possa ter o azar de contrair o vírus.
Além disto, a gestante deve confirmar sempre que os caracóis não foram apanhados ao ar livre, no campo, para não correr o risco de ingerir químicos e produtos tóxicos para o feto.
Por fim, o consumo de caracóis não deve ser feito sem antes falar com o seu médico sobre o assunto.
Em alguns casos (como, por exemplo, alergia a marisco) o especialista que a segue poderá desaconselhar este consumo.
3. Vantagens nutricionais
Se o médico liberar o consumo de caracóis, a gestante irá encontrar neste várias vantagens nutricionais.
Para começar, o caracol tem uma carne magra e que ajuda na regulação do peso na gestação, tendo um índice calórico de 90 calorias por cada 100 gramas, aproximadamente.
Esta é uma carne imensamente rica em proteínas, saciante e com poucos hidratos de carbono.
Da sua composição fazem parte minerais e vitaminas importantes para o desenvolvimento do bebé e também o magnésio e potássio (que ajudarão a evitar as cãibras) e o ferro, que ajuda a prevenir a anemia.
Falou com o seu médico sobre esta questão? Comeu caracóis durante a sua gravidez?
Não deixe de partilhar connosco a sua história.
Fontes:
momjunction
vendadecaracois.blogspot.pt
bbc.com
publico